terça-feira, 29 de março de 2011

TENDENCIA DE ALTA NA SOJA, PERDE O AGRICULTOR QUE JÁ FEZ LOTE ANTECIPADO

A tendência é de preços estáveis da soja no curto prazo, tanto no mercado externo, quanto no mercado interno. A colheita da safra recorde dos Estados Unidos em 2010/2011 e a queda do dólar no Brasil dão maior estabilidade às cotações no curto prazo. No longo prazo, entretanto, a soja deve subir, seguindo o rastro das cotações do milho e do trigo, embaladas pelo ajuste entre oferta e demanda mundial, baixa relação entre estoques/consumo mundial e riscos climáticos oriundos do fenômeno La Niña sobre a safra de soja 2010/2011 da América do Sul, além da sólida demanda mundial prevista para o próximo ciclo. No mercado interno de soja, na média das principais regiões produtoras do País, o preço no disponível de lotes registra uma alta de 0,9% em uma semana e de 1,1% nos últimos 30 dias.

Para o ciclo 2010/2011, a projeção é de um aumento de área de soja no Brasil, entre 5% e 6%, parte ocupando o que será deixado de cultivar na 1ª safra de milho (verão). A provável queda da produtividade decorrente dos efeitos negativos do fenômeno La Niña, deve reduzir o volume de produção e colaborar para elevar os preços da soja no mercado externo e no mercado interno em 2011. O fenômeno La Niña também deverá afetar as áreas de soja na Argentina e no Paraguai, os dois mais importantes países produtores da região, depois do Brasil. O resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial deve aumentar gradualmente no decorrer deste inverno, com o La Niña totalmente configurado durante a Primavera e permanecendo durante o verão 2011. A previsão é de um episódio de intensidade moderada a forte e deve durar pelo menos até o outono de 2011. Lembrando ainda que o último La Niña ocorreu no Verão 2007/2008. Porém, dadas as características como intensidade, rapidez na formação e provavelmente duração, o episódio deste ano está muito semelhante com o observado no segundo semestre de 1998 e verão 1999. Para a lavoura de soja do Brasil o fenômeno La Niña tem dois impactos bem caracterizados: atrasa o retorno das chuvas no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Enquanto para as lavouras do Sul do Brasil e também de Mato Grosso do Sul reduz a incidência de chuva e aumenta o risco de estiagens regionalizadas no verão. O retorno das chuvas este ano deve ocorrer somente no final de outubro e no decorrer de novembro, mesmo assim de forma muito irregular, o que deve implicar no atraso do plantio para as lavouras de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.

Passada a temporada de preocupações com o relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as atenções do mercado futuro de soja se volta agora para o período de colheita no país. Nesse sentido, os preços futuros da soja deverão continuar voláteis. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras da soja no contrato novembro de 2010 recuaram 0,1% em uma semana e subiram 1,2% nos últimos 30 dias. Se o clima não prejudicou tanto as lavouras até a fase de desenvolvimento, como demonstrado pela agência governamental, as variações de umidade e temperatura a partir de agora vão ditar como será a finalização da safra. O USDA estimou uma safra recorde de soja nos EUA em 2010/2011, de 94,8 milhões de toneladas, graças ao aumento na estimativa de produtividade. O preço futuros da soja grão para março de 2011 seguirá cotado ao redor dos US$ 10,50 por bushel. No Brasil, os produtores estão atentos às condições climáticas para o início do plantio da safra 2010/2011. Em Mato Grosso, a falta de chuva pode prejudicar o início dos trabalhos. No ano passado, cinco dias antes do prazo oficial já havia produtor semeando a soja para garantir o plantio de uma segunda safra de algodão e de milho.


No Brasil, a temporada 2010/2011, embora com uma área plantada possivelmente maior, poderá resultar em uma colheita menor, com produtividades inferiores aos ótimos patamares da temporada passada, quando o El Niño trouxe chuvas generalizadas e o Brasil colheu um recorde de 68,7 milhões de toneladas. Dois fatores são analisados pelos produtores: um é o La Niña, mas também a recuperação de preços de commodities agrícolas. O contrato referencial da soja em Chicago, está cotado ao redor dos US$ 10,50 por bushel, registra uma alta de mais de 15% ante valor verificado para o mesmo vencimento da bolsa na mesma época do ano passado, em meio à forte demanda global e na esteira de perdas de safras de trigo na Europa. O produtor rural não vai intimidar-se com o La Niña, mas pode adotar procedimentos de antecipação de plantio, isso sim. Segundo a Aprosoja, em relação ao mercado, os agricultores ficaram mais animados com o recente pico nos preços. O dólar, variável que também determina a formação da cotação em reais, está ligeiramente mais fraco em relação a setembro de 2009, mas ainda assim caiu menos no período (-5,5%) do que subiram os preços internacionais da soja. Os prêmios nos portos brasileiros em relação a Chicago, para embarque em março do ano que vem, estão em torno de 70 centavos por bushel, outro indicador da boa demanda pelo produto.

A demanda mundial de soja deve crescer 6,4% em 2010/2011. Para a safra 2010/2011, a estimativa da produção mundial de soja é de 254,89 milhões de toneladas (contra 253,69 milhões de toneladas no relatório de agosto), uma queda de 1,9% em relação as 259,89 milhões de toneladas produzidas na safra 2009/2010. O consumo mundial em 2010/2011 está estimado em 252,55 milhões de toneladas, um aumento de 6,4% em relação as 237,31 milhões de toneladas projetadas para a demanda neste ciclo 2009/2010. Ainda assim, os estoques finais mundiais de soja em 2010/2011 crescerão para 63,61 milhões de toneladas (mas contra 67,76 milhões de toneladas projetados no relatório de julho), 1,2% acima dos estoques finais mundiais da safra atual (2009/2010), de 62,85 milhões de toneladas. A relação entre estoques finais mundiais de soja e a demanda mundial recuará para 25,2% em 2010/2011, contra 26,5% registrados na safra atual (2009/2010). Para a safra atual 2009/2010, o USDA manteve as estimativas de produção para a safra brasileira, em 69,0 milhões de toneladas, e para a safra da Argentina, em 54,5 milhões de toneladas em 2009/2010. Para a safra 2010/2011, o USDA projeta redução nas produções de soja no Brasil e na Argentina. A safra 2010/2011 do Brasil está estimada em 65,0 milhões de toneladas e a safra da Argentina em 50,0 milhões de toneladas.

A China deve importar cerca de 4,73 milhões de toneladas de soja neste mês, uma alta de 72% em relação ao mesmo período de 2009, segundo o Ministério de Comércio do país. Contudo, a estimativa fica ligeiramente abaixo das 4,76 milhões de toneladas adquiridas em agosto, segundo dados da Administração Geral Alfandegária. A projeção, divulgada no site do ministério, se baseia nos relatos de importadores entre 16 e 31 de agosto e, normalmente, é inferior ao volume real, já que não inclui todos os carregamentos. O governo divulga as estimativas duas vezes por mês. De acordo com o relatório de oferta e demanda de Setembro, divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na sexta-feira (10/09), foi novamente elevada a estimativa para as importações de soja da China. A China, o maior importador de soja do mundo, deverá comprar 55,0 milhões de toneladas em 2010/2011 (contra 52,0 milhões de toneladas no relatório de Agosto). O volume está 5,0 milhões de toneladas acima do montante importado em 2009/2010, de 50,0 milhões de toneladas, um aumento de 10,0%. As importações chinesas de soja totalizaram 35,53 milhões de toneladas no acumulado do ano até agosto, uma alta de 20% se comparado a mesmo período do ano passado, segundo dados da Administração Geral Alfandegária do país. Em agosto, a China importou 4,77 milhões de toneladas, uma queda de 3,6% em relação a julho, mas um aumento de 52,0% em relação ao mesmo mês de 2009.


Fonte: Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica

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